De uns tempos pra cá, observando a mudança de vida, minha e de vários amigos com quem convivo há anos, tenho tido a conclusão do quanto mudamos quando passamos dos "vinte e poucos anos". A partir daí percebemos que estamos mesmo mais perto que longe de chegar nos 3.0. E isso causa um frio na barriga constante.
Antes imaginávamos um casamento na igreja, com vestido bufante, cheios de glamour e hoje, ao pensar na ideia, achamos mais interessante comemorar com os mais íntimos com o pé na areia da praia. Dávamos mais valor à quantidade de amigos, e, de repente, nos deparamos vivendo a lei da seleção, o que é natural. Enxergamos com uma clareza absurda coisas que nunca entendíamos e que agora nos faz tanto sentido. Trocamos o belo salto alto pelo conforto das sapatilhas, o dormir até tarde pelo acordar cedo e aproveitar o dia.
Enfim, transformamos, modificamos, mudamos, crescemos e – o mais importante – nos encontramos! Isso porque quando chegamos nesse ponto da vida nos obrigamos a refletir sobre o que queremos dali pra frente - e dessa vez é valendo! Não dá mais pra brincar de ter 15 aninhos. Pela primeira vez paramos para analisar quem somos na essência, o que fazemos do nosso cotidiano, pra onde estamos indo e como estamos indo. A pergunta “sou realizada?” nos acompanha e, na maioria das vezes, não temos a resposta, sabendo lá dentro de nós que somos felizes, apesar de tudo. Confrontamos aquela criança que um dia existiu, cheia de sonhos e planos para o futuro adulto que se tornaria, e perguntamos a ela: “está tudo como você imaginou?”.
Então, a grande mudança se principia. Tudo que foi citado acontece, não porque estamos caretas ou "velhotes" mas porque nos encontramos - com uma pessoa que até então conhecíamos pouco: nós mesmos! E assim, paramos de seguir modinhas ou o grupo de amigos, e nos identificamos. Confirmamos que odiamos microssaias - e não aceitamos a ideia de nos enfiar dentro de uma, não mesmo! - que os brincos gigantes não combinam com a nossa personalidade, que amamos relógios, detestamos cigarro e queremos ser mãe.
Nos interrogamos e confrontamos, pois já não temos mais tempo a perder, e se algo deve ser mudado ou não, precisa começar ou se confirmar dentro de nós. E com todo esse questionamento, descobrimos coisas que nos fazem mal. Desvendamos um universo que, de certo modo, já estava dentro de nós e que em parte conhecemos durante a nossa caminhada, com os encontros e situações aos quais nos deparamos. Mas o que realmente importa nessa nova fase é que deixamos de fazer aquilo que a sociedade nos impõe como certo e passamos a ouvir nosso coração e nos tornamos cada vez mais nós mesmos. Vivemos a verdadeira personalidade.
Note a quantidade de pessoas que te dizem hoje o quanto você esta mais bonita, alegre, descontraída, segura, madura, com um brilho no olhar absurdo, até então nunca visto... Existe sensação mais agradável que se sentir de bem com você mesmo? No fundo, a conclusão é que os anos nos mudam e trazem consigo amadurecimento e a vontade latente que temos de construir um mundo onde a verdade, a essência e a diferença são encantadoras.
Taize Nobre